Médica tentou fugir levando idosa vítima de trabalho escravo em SP

São Paulo – A médica acusada de manter uma idosa de 82 anos em regime de trabalho análogo à escravidão, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, tentou fugir da inspeção do Ministério Público do Trabalho (MPT).

A fuga foi frustrada pela Polícia Militar, que participava da operação no local. Os PMs levaram a médica e a idosa de volta para a residência para a continuidade da fiscalização, segundo o MPT.

“A empregadora foi muito agressiva e fugiu com ela [vítima]. Falou que ela [vítima] tinha dentista, colocou ela no carro e fugiu”, relatou ao Metrópoles o procurador Henrique Correia, responsável pela investigação e diligência na residência onde mora a médica e o marido empresário.

“Eu queria te bater, se eu pudesse”

A acusada de promover trabalho análogo à escravidão também resistiu à operação ao tentar impedir a entrega de documentos pessoais e a identificação da vítima.

Além da tentativa de fuga e de impedir o trabalho dos agentes públicos, a médica foi verbalmente agressiva com uma auditora fiscal, segundo o MPT. A médica chegou a dizer para a profissional: “minha vontade era de te esganar” e “eu queria te bater, se eu pudesse”.

Vítima

A idosa negra e analfabeta foi mantida trabalhando sem salário e sem folgas por 27 anos na casa da médica e do empresário, cujos nomes são mantidos em sigilo. Os patrões enganavam a empregada doméstica dizendo que estavam guardando o dinheiro para ela comprar uma casa.

A vítima disse em depoimento que “não conhecia dinheiro” e relatou que começou a trabalhar como empregada doméstica quando ainda era criança na casa de outra família. Com o falecimento da empregadora, a mulher foi “cedida” para o casal.

Reparação

A Justiça determinou, na sexta-feira (2/12), o bloqueio de bens da médica e do empresário. A transferência de um carro pertencente ao casal também já foi alvo do bloqueio.

O valor de R$ 815 mil será transferido para a idosa, com objetivo “reparar uma vida inteira de submissão e abusos praticados” pelos réus, diz o MPT. A investigação começou após uma denúncia anônima.