Mãe de vítima desabafa sobre prisão de pastor acusado de pedofilia

“Tive que ter um coração bem frio e calmo para poder enfrentar um homem que se dizia gigante, que se dizia contra o abuso de criança e adolescentes e que ninguém ia acreditar na minha palavra, ia acreditar na dele.” Esse é o relato da mãe de uma das vítimas do pastor de 34 anos, preso nesta quarta-feira (21) suspeito de abusar sexualmente de menores de idade em Belo Horizonte.

Ela conta como foi levar a denúncia adiante contra o religioso que atuava em uma igreja no bairro Horto Florestal, na região Leste de Belo Horizonte e era coordenador do Fórum de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes de Minas Gerais (FEVCAMG).

A mulher, mãe de menino de 13 anos, contou como percebeu haver algo de errado. “Depois das aulas, eles estavam chamando os meninos para poder fazer um lanche e ele passou mandar mensagens com emoji de coração e românticas. Depois, vi que ele mandou a foto do cartão de crédito e foi quando comecei a perceber que tinha algo errado”, disse. 

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O pastor ganhou a confiança da criança por meio de presentes. “Ele mandava pix para lanchonete onde que o meu filho estava, pagava por jogos, pagava corridas do Uber, inclusive, para o meu filho ir aos cultos”, relatou.

Desconfiada, a mulher questionou o pastor. “Perguntei por que ele estava mandando aquele tipo de mensagem para o meu filho e ele disse que não tinha nada demais. Ele disse tratar meu filho como se fosse filho dele e que sentia que meu filho tinha uma carência de pai”, acrescentou. 

Após ser confrontado, ela conta que o pastor tentou criar conflito entre o filho e a mãe. “Foi então que fui à casa dele, questionei com a mãe dele — que também recebia meu filho lá após o culto. Ela me colocou como louca, que o filho dela era pastor e que jamais ia fazer isso”, disse.

Como começaram as investigações

A investigação começou após uma vítima, atualmente com 23 anos, procurar a Polícia Civil. Segundo a delegada Thais Degani, essa vítima foi abusada pelo pastor enquanto ainda era menor de idade. Atualmente, a vítima mora em Portugal.

“Todas as vítimas foram atraídas para frequentar a igreja do investigado e ele fazia contato com os genitores que levaria eles para fazer atividades no circo. Foi então que atraia os adolescentes para a sua residência que, diversas vezes, iam dormir lá e era um abusado sexualmente”, relatou. A PC recebeu, até o momento, quatro denúncias.

O pastor foi entrevistado como fonte em vários veículos de imprensa de Minas e de outros estados. Ele também foi mediador e palestrante em eventos realizados de 2016 em diante por órgãos como a Prefeitura de Belo Horizonte, Câmara Municipal, Assembleia e Governo de Minas.

No ano passado, chegou a participar de uma mesa-redonda em Itabira, na região Central de Minas, ao lado de membros do Judiciário e das Polícias Civil e Militar. Em todos esses eventos, ele era apresentado como coordenador do Forúm de Enfrentamento à Violência Sexual e coordenador de um projeto circense na capital mineira.

“Ele utilizava esse poder para cometer os abusos sem que gerasse nenhuma suspeita”, finalizou a delegada.

(com informações de Célio Ribeiro)