Morre a lenda do futebol brasileiro, Zagallo

 

Aos 92 anos, nesta sexta-feira (05/01), a lenda do futebol brasileiro deixou a vida para ser definitivamente história, conforme anunciou uma nota de pesar postada em seu próprio Instagram.

 

É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo. 

Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas.

Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa. 

Mário. Jorge. Lobo. Zagallo. Quatro nomes, quatro Copas do Mundo. Difícil não confundir a história deste alagoano com a do próprio futebol. Tinha em si a mistura do brasileiro quando a linguagem é o esporte bretão: personalidade forte, às vezes até turrão, determinado ao extremo. Tudo com uma grande pitada de superstição em sua paixão desenfreada pelo número 13. Prenúncio de sorte, ele dizia. Um senhor que viajou ao longo de mais de oito décadas e provou sabores e dissabores que o mundo da bola pode proporcionar. Um caminho que ele estava convencido de que fora destinado a cumprir. E o mundo, em parte, a engolir.

“Sou predestinado. Quando o céu está coberto não tem estrela. Agradeço sempre por tudo que conquistei”, disse certa vez o “Velho Lobo”.

Aos 92 anos, nesta sexta-feira (05/01), a lenda do futebol brasileiro deixou a vida para ser definitivamente história, conforme anunciou uma nota de pesar postada em seu próprio Instagram.

E que história. Nascido em Maceió, Alagoas, em 9 de agosto de 31 – 13 ao contrário – chegou ao Rio de Janeiro com apenas oito meses de idade. A família se estabeleceu pelas ruas da Tijuca, Zona Norte da cidade, próximo ao rubro América. Pelas calçadas da Praça Afonso Pena, o garoto assumiu o gosto pela bola. E, destemido, decidiu: seria jogador de futebol.

O problema seria convencer os pais, Haroldo e Maria Antonieta. Na década de 40 fazer da bola um ofício não era visto com bons olhos. Mas, com a intervenção do irmão mais velho a seu favor, conseguiu. Em 1948 ingressou nas categorias de base do América, clube do qual seu pai era sócio. Entre treinos e jogos, Zagallo arrumava tempo para frequentar a sede social. E foi em um dos bailes de confete que conheceu Alcina, sua futura esposa. Com ela, ganhou o 13 em sua vida.

Devota fervorosa de Santo Antônio, celebrado em 13 de junho, Alcina fez de Zagallo o mais ferrenho defensor do algoritmo. O que para muitos era sinônimo de azar, para o então ponta-esquerda era símbolo de sorte. Zagallo exaltava a predileção pelo número, mas dizia ser apenas fé. Com Alcina casou-se em 13 de janeiro de 1955. E o número da camisa passou a ser o mesmo. Coisas de Santo Antônio. Coisas de fé. Não superstição.

Trajetória multicampeã

Zagallo foi o único futebolista tetracampeão da Copa do Mundo. Nascido em Atalaia (AL), atuava como ponta-esquerda e começou nas categorias amadoras do America-RJ. No clube do coração, conquistou seu primeiro título, o Campeonato de Amadores do Rio de Janeiro. Também conquistou o Torneio Início do Campeonato Carioca, em 1949. 

Um ano depois, foi transferido ao Flamengo. Pelo Rubro-Negro, foi tricampeão do Carioca, entre 1953 e 1955. Mas, logo após a Copa do Mundo de 1958, assinou com o Botafogo, onde conquistou dois títulos estaduais, a Taça Brasil e atuou ao lado de Garrincha, Didi e Nilton Santos. 

Os títulos pelos clubes cariocas chamaram a atenção e os olhares da Seleção Brasileira a Zagallo, que atuou na conquista das Copas de 1958 e 1962. O ponta-esquerda era conhecido pela velocidade, inteligência tática e deslocamentos rápidos. 

Aposentadoria e carreira como treinador

Zagallo pendurou as chuteiras em 1966 e iniciou a carreira como técnico nas categorias de base do Botafogo. Com passagens como treinador pelo Glorioso e pelo Flamengo, o Velho Lobo, como passou a ser conhecido posteriormente, também treinou o Vasco da Gama, o Fluminense, Bangu, Portuguesa e o Al-Hilal, da Arábia Saudita.