Exército venezuelano destrói pista de pouso de garimpeiros na Terra Yanomami e queima avião que seria de empresário de Ji-Paraná

As Forças Armadas da Venezuela destruíram uma pista de pouso na fronteira com o Brasil, usada por garimpeiros que atuam na Terra Indígena Yanomami.

No meio da floresta, uma pista de pouso clandestina, com acampamentos ao lado. A aviação militar da Venezuela publicou as imagens nesta segunda-feira (29) em redes sociais. O comandante da Força Armada bolivariana postou, pouco depois, os militares destruindo suprimentos, peças de aviões, motocicletas, além de munições dos garimpeiros. A ação aconteceu após a denúncia do Ibama à embaixada da Venezuela.

O acampamento funcionava no município venezuelano Alto Orinoco, próximo aos estados brasileiros de Roraima e do Amazonas. E, segundo o Ibama, servia como apoio para a exploração de ouro e cassiterita em território Yanomami.

O Ibama já tinha identificado, em dezembro de 2023, que aviões que saiam de Roraima pousavam na Venezuela com combustível para o garimpo. Os agentes, então, monitoraram a movimentação. Com isso, prenderam dois pilotos na volta ao Brasil. O Ibama destruiu os aviões.

Os pilotos prestaram depoimento à Polícia Federal e foram liberados. A investigação identificou que os aviões pertenciam a um empresário de Ji-Paraná suspeito de envolvimento com o garimpo e já teve outro avião queimado em uma operação federal em 2022.

O Ministério do Meio Ambiente já multou o empresário ao menos duas vezes. Uma multa de R$ 20,5 mil por manter pista de pouso clandestina. Outra, em 22 de janeiro de 2024, de mais de R$ 3 milhões por atuar na logística para o garimpo.

A defesa defesa do empresário nega que ele tenha aviões ou que mantenha qualquer envolvimento na logística e garimpo.

Apesar das ações das Forças de Segurança, o garimpo ilegal continua dentro da maior reserva indígena do país. A Força Aérea Brasileira divulgou nesta segunda-feira (29) um vídeo de uma aeronave sendo interceptada. Ela sobrevoava as proximidades do território Yanomami. Os militares fizeram o alerta:

“A sua aeronave está sendo interceptada pela defesa aérea para a verificação de alguns dados de voo. Por determinação da defesa aérea, a sua rota será modificada. Curve à direita, para o 095”.

O piloto ignorou as ordens da FAB.

“A fim de alertá-lo para o cumprimento das determinações da defesa aéreas serão disparadas duas rajadas de tiro de aviso”.

O avião estava dentro da zona de identificação de defesa aérea, criada para controlar o tráfego ilícito e combater o garimpo ilegal no norte do país. O piloto pousou em uma pista de terra clandestina e fugiu.

Os agentes da Polícia Federal vistoriaram e apreenderam o avião. Após consulta, eles identificaram que a matrícula do avião está cancelada pela FAB. O piloto ainda não foi localizado.

Fonte: G1/Jornal Nacional