Empresária de MT que “agencia” pacientes até de Rondônia para “cirurgias piratas” na Bolívia é tema de reportagem da Record

“Ela olha para você e diz que seu corpo é muito desconjuntado, você precisa fazer essa harmonização corporal, porque senão não vai ficar bom”

  A morte da advogada mato-grossense, Daiane Canaverde Strogulski de Almeida, de 34 anos, por complicações após passar por uma cirurgia em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia em agosto de 2023, ganhou repercussão durante reportagem exibida pelo Domingo Espetacular, da Rede Record, no último domingo 11 (CLIQUE AQUI e assista na íntegra). 

  A profissional do Direito residia em Nova Mutum, cidade de Mato Grosso a 269 km de Cuiabá e, apesar de não ter realizado o procedimento na clínica agenciada pela empresária Gizelle Praciano de Azevedo, brasileira que organiza as chamadas “Caravana da Beleza”, se tornou mais uma vítima do conhecido “Turismo Médico”. 

  As caravanas promovidas por Gizelle são ônibus que saem de várias regiões do país, inclusive de Mato Grosso, em busca de procedimentos estéticos com valores abaixo do mercado. A empresária prometia tratamentos estéticos, mas as pacientes contam que foram mantidas presas, extorquidas e vítimas de graves erros médicos. “Sim, meninas, vai ter caravana da beleza agora final de ano saindo de Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e estamos agendando uma para sair do Nordeste”, diz a empresária em uma das propagandas. 

  Um dos pacotes oferecidos custa em média R$ 20 mil e foi comprado por uma das vítimas, a empresária Cristiane Santos. Conforme ela, estava incluso LipoHD, silicone, além de costas. Ela conta que além de ter desembolsado o valor do pacote, quando chegou na Bolívia teve que pagar ainda os gastos de exames e hospedagem que não faziam parte do pacote. 

  “Ela [Gizelle] olha para você e diz que seu corpo é muito desconjuntado, você precisa fazer essa harmonização corporal, porque se você não fizer isso não vai ficar bom. Quando você chega na casa, só tem cama e mulheres operadas, aí você começa a escutar as histórias” relembra a uma das pacientes. 

  Outra vítima ouvida, a advogada Fabrícia Loubet, de Campo Grande, conta que passou pelas mesmas dificuldades. “Uma casa extremamente insalubre, uma nojeira, uma porquice, gosto nem de lembrar, passei fome e raiva, não sei como não peguei uma infecção ou alguma de nós não morreu lá”, conta a jurista. 

  Uma médica brasileira que mora há sete anos em Santa Cruz de la Sierra conta que o mercado de cirurgias plásticas na cidade é um setor que movimenta muito dinheiro. “Geralmente por mulher são R$ 20 mil e geralmente trazem 30 mulheres por mês. Multiplica aí R$ 20 mil vezes 30 dá R$ 600 mil ao mês”, informou. 

  Procurada pela reportagem de um site mato-grossense, Gizelle Praciano de Azevedo preferiu não dar entrevista e se posicionou por meio de seu advogado, Marcos Ramos, que enviou um vídeo no qual mostra pacientes andando pela cidade, o que desmentiria o cárcere privado. Além disso informou que a casa é um local “limpo” e “conservado” e com refeições condizentes com a dieta de cada paciente. 

Fonte: folha Max