‘Pablo Escobar Brasileiro’: ex-major da PM lucrou R$ 2 bilhões levando drogas do Amazonas para a Europa

Uma vasta e complexa rede de tráfico internacional de drogas foi desmantelada pela Polícia Federal (PF) em uma operação de larga escala conhecida como Catrapo II, deflagrada nesta terça-feira (25/6).

A operação visou a desarticular uma organização criminosa responsável pela aquisição e tráfico de grandes quantidades de cocaína, oriunda da Bolívia e do Peru, com o estado de Mato Grosso servindo como entreposto.

O ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, de 63 anos, apontado como líder do grupo, acumulou um lucro impressionante de R$ 2 bilhões ao longo de suas atividades ilícitas, levando mais de 45 toneladas de cocaína das fronteiras do Amazonas para a Europa. Operação Catrapo II A operação Catrapo II envolveu ações coordenadas em seis estados brasileiros: Mato Grosso, Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo. Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, 15 de sequestro de bens e valores, dois de prisão temporária e um de prisão preventiva, este último na Bélgica.

A operação, comandada pela 5ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária de Mato Grosso, busca aprofundar a descapitalização patrimonial dos envolvidos e efetuar novas prisões. Durante a operação, foram identificados e apreendidos bens avaliados em R$ 100 milhões, incluindo aeronaves, imóveis e veículos de luxo, que eram utilizados para ocultação patrimonial.

Em Manaus, a PF apreendeu um carro de luxo, modelo Jeep, no Condomínio Maison Beethoven, bairro Ponta Negra. Esta ação segue a primeira fase da Operação Catrapo, deflagrada em julho de 2022, quando 16 indivíduos foram indiciados por tráfico internacional de drogas e associação ao tráfico, e aproximadamente R$ 50 milhões foram sequestrados, além da interceptação de 2,1 toneladas de cocaína. A Ascensão e Queda de Sérgio Roberto de Carvalho Conhecido como o “Pablo Escobar brasileiro”, Sérgio Roberto de Carvalho tem um histórico criminal extenso. Ingressou na Polícia Militar de Mato Grosso do Sul no final dos anos 1980 e, na década de 1990, já estava envolvido em contrabando. Em 1997, foi transferido para a reserva remunerada da PM após ser pego transportando cocaína.

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Sua carreira no crime escalou significativamente, culminando em sua expulsão da PM em 2018 e várias condenações por tráfico de drogas. Carvalho operava um esquema sofisticado de tráfico de cocaína, utilizando aviões para transportar a droga da Bolívia e do Peru até o Brasil, onde Mato Grosso servia como ponto de entrada.

A droga era então encaminhada para comercialização na Europa. Entre 2018 e 2020, ele movimentou R$ 2,25 bilhões com a exportação de 45 toneladas de cocaína para o continente europeu. Em 2020, a Operação Enterprise, conduzida pela PF, revelou a extensão do império criminoso de Carvalho, que incluía a compra de aeronaves e a utilização de empresas de fachada para lavagem de dinheiro. A operação resultou na prisão de Carvalho em Budapeste, Hungria, em 2022, onde ele estava escondido com um passaporte falso mexicano.

Logística e Modus Operandi A organização criminosa liderada por Carvalho demonstrou um alto grau de sofisticação logística. Utilizavam-se de barracões, caminhões graneleiros e aeronaves para o armazenamento e transporte da cocaína até os pontos de exportação.

Os principais portos usados para envio da droga à Europa eram Paranaguá (PR) e Antuérpia, na Bélgica. Carvalho coordenava as operações a partir de sua mansão na costa da Espanha, avaliada em R$ 12 milhões.

Prisões e Desmantelamento A prisão de Sérgio Roberto de Carvalho e a consequente desarticulação de sua rede representam um marco significativo na luta contra o tráfico internacional de drogas. A PF continua suas investigações para capturar todos os envolvidos e assegurar a descapitalização total da organização criminosa.