Repercussão

Ex-delegado executado a tiros atuou na prisão de Marcola, chefe do PCC, e estava jurado de morte

O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, foi assassinado a tiros na tarde desta segunda-feira (15), no bairro Vila Mirim, em Praia Grande, no litoral paulista. Ele era secretário de Administração da prefeitura desde 2023.

Fontes teve papel central no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) nas últimas décadas e participou da prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, no início dos anos 2000.

Dinâmica do crime

Câmeras de segurança registraram o momento em que o carro da vítima foi perseguido por criminosos. O veículo de Ruy bateu em um ônibus e, em seguida, os suspeitos desembarcaram de outro automóvel e atiraram contra ele.

As autoridades ainda investigam a motivação do homicídio. Duas hipóteses são consideradas: vingança do PCC, em razão da atuação histórica de Fontes contra a facção, ou represália de criminosos locais insatisfeitos com sua atuação na administração municipal.

O atual delegado-geral, Arthur Dian, deixou a capital e foi ao litoral acompanhar as investigações iniciais.

Histórico na segurança pública

Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, Fontes ingressou na Polícia Civil nos anos 1980 e construiu carreira de mais de 40 anos. No Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), destacou-se no enfrentamento ao PCC, tendo participado de operações que levaram à prisão de Marcola por crimes como tráfico de drogas e formação de quadrilha.

Em 2006, ele integrou a equipe que indiciou a cúpula da facção, período marcado por uma onda de ataques coordenados pelo grupo contra agentes de segurança, após a transferência de líderes do PCC para presídios de segurança máxima.

Fontes também comandou departamentos estratégicos como o DHPP, o Denarc e o Decap, até chegar ao cargo de delegado-geral da Polícia Civil, que ocupou entre 2019 e 2022, indicado pelo então governador João Doria.

Repercussão

O procurador de Justiça Marcio Christino, que atuou ao lado de Ruy no combate à facção. “Estou em choque, fui o último a falar com ele por telefone”, disse. Christino relatou que ambos já foram ameaçados pelo PCC em razão das investigações do passado.

O professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, destacou o peso simbólico da execução:

“[Ruy] foi uma das pessoas que prendeu o Marcola, que esteve passo a passo nesse enfrentamento ao PCC, e ser executado dessa maneira mostra o poder do crime organizado no Brasil e a ousadia de suas ações.”

Nota oficial

Em comunicado, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) lamentou, “com profundo pesar”, a morte do delegado. O secretário da pasta, Guilherme Derrite, anunciou a criação de uma força-tarefa prioritária, determinada pelo governador Tarcísio de Freitas, para identificar e prender os responsáveis. O Gaeco também ofereceu apoio às investigações

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