Careca do INSS levava dinheiro a Brasília em carro, diz ex-funcionário
Um ex-funcionário afirmou à Polícia Federal (PF) que o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, costumava viajar todas as sextas-feiras de carro para Brasília transportando dinheiro em espécie. A testemunha também relatou ter sido ameaçada de morte por Antunes.
O depoimento foi incluído no pedido da PF para a prisão do lobista no âmbito da Operação Cambota, desdobramento da Sem Desconto, que investiga um esquema de descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS. Segundo os investigadores, Antunes também estaria planejando fugir do país e já vinha se desfazendo de seus bens de luxo.
Depoimento do ex-funcionário
O ex-colaborador Edson Claro Medeiros Junior procurou a PF em São Paulo alegando temer por sua integridade física. Em depoimento, afirmou que Antunes:
Passou a dilapidar seu patrimônio após a primeira fase da operação, vendendo bens para levantar dinheiro;
Declarou que pretendia dispensar empregados, fechar empresas e viajar para os Estados Unidos;
Disse que deixaria o filho Romeu encarregado de administrar um call center de cinco andares, usado para operar consignados fraudulentos contra segurados do INSS;
Estaria lavando dinheiro por meio de carros de luxo, que eram vendidos por valores abaixo do mercado.
Ainda segundo a testemunha, as viagens semanais de Antunes a Brasília com dinheiro vivo levantaram suspeitas.
Quem é o “Careca do INSS”
Antunes é ex-superintendente de marketing de uma grande empresa de planos de saúde e atua como lobista em Brasília. Ele ganhou o apelido de “Careca do INSS” pela forte influência dentro do órgão.
De acordo com a PF, o lobista pagava propina a diretores do INSS para favorecer entidades envolvidas em um bilionário esquema de fraudes. Entre os beneficiados estariam:
André Fidelis, ex-diretor de Benefícios;
Alexandre Guimarães, ex-diretor de Integridade;
Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS.
Um contrato da empresa de consultoria dele, a Prospect, com o Cebap, uma das entidades investigadas, previa que Antunes recebesse 27,5% de comissão sobre os valores descontados de aposentados.
O impacto foi imediato: em apenas dez meses, o faturamento mensal do Cebap com descontos passou de R$ 574 mil para R$ 9,9 milhões.