Influenciadores usam Fortune Tiger para divulgar bets ilegais, que ainda dominam 60% do mercado
As bets ilegais ainda dominam cerca de 60% do setor, e os influenciadores têm usado o Fortune Tiger como meio de divulgar essas plataformas.
Apesar dos avanços na regulamentação e do crescimento das plataformas licenciadas, as bets ilegais ainda dominam cerca de 60% do setor, movimentando mensalmente mais de R$ 1 bilhão, segundo dados do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR).
Em meio a esse cenário, jogos como o popular Fortune Tiger, o jogo do tigrinho, despontam como uma das principais ferramentas de atração de novos apostadores, especialmente através de influenciadores digitais nas redes sociais. Com isso, o jogo voltou a ser demonizado nas notícias, mesmo com informações claras de jogo responsável sendo promovidas em conjunto.
De acordo com levantamento recente de uma das maiores casas de apostas do país, o Fortune Tiger foi o segundo jogo de caça-níquel mais jogado em fevereiro de 2025 e o mais jogado de 2024, com um salto de popularidade: sua participação nas rodadas totais passou de 27,13% em janeiro para 42,90% no mês seguinte. A estética vibrante e temática cativante da série fez do jogo um dos mais visados entre novos usuários.
Esse tipo de slot é frequentemente promovido por influenciadores digitais em plataformas como Instagram, TikTok e Kwai. Em muitos casos, os criadores de conteúdo utilizam contas de demonstração com vitórias programadas, passando a impressão de que os ganhos são fáceis e recorrentes.
Essa prática foi alvo de uma operação recente da Polícia Civil do Ceará, que resultou na prisão de dez influenciadores em quatro estados brasileiros. Os envolvidos são suspeitos de fazer propaganda enganosa e induzir o público ao erro em apostas online. Durante a ação, carros de luxo foram apreendidos e contas bancárias foram bloqueadas. A polícia também investiga o uso dessas estratégias como meio de lavagem de dinheiro em sites sem autorização para operar no país.
Para o diretor do IBJR, André Gelfi, a falta de regulamentação plena do setor compromete tanto a arrecadação de impostos quanto a segurança dos consumidores. “A formalização do mercado é essencial para garantir transparência, fiscalização e proteção aos usuários. Hoje, grande parte das apostas ocorre sem qualquer tipo de controle ou retorno fiscal ao Estado”, afirmou ao portal Poder 360.
Enquanto o debate sobre a regulamentação avança no Congresso Nacional, especialistas alertam para os riscos sociais do consumo desenfreado de apostas, especialmente entre os mais jovens. Notícias sobre tragédias envolvendo o jogo são promovidas constantemente no intuito de manter os jogadores longe do vício. No entanto, as bets legalizadas trabalham para educar o público sobre limites saudáveis e como jogar títulos como Fortune Tiger por entretenimento, nunca esperando garantias de retorno ou vendo o jogo como um investimento.
A legalização não é apenas uma questão econômica, é também uma medida de responsabilidade social e proteção ao consumidor. Até que o setor seja plenamente regularizado, o mercado cinza continuará operando nas sombras, com altos lucros e pouca prestação de contas.